Amai-vos uns aos outros como eu vos amei...

O Verdadeiro e o Falso Ciúme

21-06-2012 08:47

O Verdadeiro e o Falso Ciúme

O ciúme é uma espécie de temor, que se relaciona com o desejo de conservarmos a posse de algum bem; e não provém tanto da força das razões que levam a julgar que podemos perdê-lo, como da grande estima que temos por ele, a qual nos leva a examinar até os menores motivos de suspeita e a tomá-los por razões muito dignas de consideração.
E como devemos empenhar-nos mais em conservar os bens que são muito grandes do que os que são menores, em algumas ocasiões essa paixão pode ser justa e honesta. Assim, por exemplo, um chefe de exército que defende uma praça de grande importãncia tem o direito de ser zeloso dela, isto é, de suspeitar de todos os meios pelos quais ela poderia ser assaltada de surpresa; e uma mulher honesta não é censurada por ser zelosa de sua honra, isto é, por não apenas abster-se de agir mal como também evitar até os menores motivos de maledicência.

Mas zombamos de um avarento quando ele é ciumento do seu tesouro, isto é, quando o devora com os olhos e nunca quer afastar-se dele, com medo que ele lhe seja furtado; pois o dinheiro não vale o trabalho de ser guardado com tanto cuidado. E desprezamos um homem que é ciumento de sua mulher, pois isso é uma prova de que não a ama da maneira certa e tem má opinião de si ou dela. Digo que ele não a ama da maneira certa porque se lhe tivesse um amor verdadeiro não teria a menor inclinação para desconfiar dela. Mas não é à mulher propriamente que ama: é somente ao bem que ele imagina consistir em ser o único a ter a posse dela; e não temeria perder esse bem se não julgasse que é indigno dele, ou então que a sua mulher é infiel. De resto, essa paixão refere-se apenas às suspeitas e às desconfianças; pois tentar evitar algum mal quando se tem motivo justo para temê-lo não é propriamente ter ciúmes.

René Descartes, in 'As Paixões da Alma'

Publicado por pns em outubro 30, 2004 10:15 AM
 

Comentários

O ciúme é um saco de gatos - ou melhor, de "gatas" - nunca totalmente esvaziado. Isso porque integra a natureza possessiva, meio animal, do ser humano. Se amar alguém significa querer a sua felicidade, não haveria problema se a "gata" nos trocasse por um bichano que lhe desse maior prazer. Mas é neste verbo que está o veneno. Para o homem, as "gatas" menos confiáveis despertam mais ciúmes que as fiéis, justamente em razão da maior possibilidade dela encontrar o prazer em outra fonte. O ciúme um afrodisíaco, às vêzes útil, mas com perigosos efeitos colaterais.

Afixado por: Francisco C. Pinheiro Rodrigues em novembro 1, 2004 01:14 PM

É bem verdade que o ciúme atrai maus presságios. Realmente se este é válido,há um certo receio e falta de confiança no outro,quando visto como posse sua(anti-amor),uma visão ilustrativa do "melhor" sistema a que estamos engendrados(capitalismo) - sistema do querer e do poder,onde o primeiro tenta confundir-se com o segundo por via monetária.Felizmente não podemos comprar tais.
Vocês podem achar estranho ou chamar-me de doido quando declaro a resolução definitiva para o problema: vociferemos o ciúme,posto que não podemos ficar 24 h em cima de alguém e que se este quiser lho trair, saberá o momento a que trair. Chegue próximo de seu parceiro e diga-lhe que quer ao menos 1 acordo:que seja um amor para outro amor e que futuras injustiças do tipo 2 para 1 propiciará a quebra total da razão do amor como começo e por conseguinte a futura desconsideração completa pela pessoa(já que não seguira a simples regra).Não diga pois:eu te amo exasperadamente;diga siga o acordo,seja sincero.A escolha deverá ser de ambos e não de um apenas,e que se assim poder acontecer como um caso de um conhecido meu,que diz amar 2 pessoas ao mesmo tempo,que este permaneça com as duas e que peça as outras que amem 2 também. Fará assim uma prova democrática de amor.Se tais argumentos forem ao uso dos povos ocidentais, este não considerarão, por egoísmo. A um oriental,este compartilhará a idéia por possuírem filosofia confuciana e de Lao-Tzé.
Façamos sob qualquer forma o amor ao outro e não a nós...

 

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